quinta-feira, 2 de junho de 2011

Soneto azul-marinho


Enquanto homens tristes fazem música nos bares e nas ruas
namorados descobrem-se nos becos, nos quartos e em praças.
Por saber demais que numa tarde destas, alguém vai chorar,
o poeta sonha, protegendo a dor, do amor e vomitando tudo...

Por saberem-se mais-que-imperfeitos, aqueles sons azuis, é que
fazem músicas, pros cantores nús. Então eles cantam, derramando
dores... Mesmo se bastasse, mas não basta, mesmo se
cantassem uma valsa, pra salvar as almas, o poeta só.

Logo vai chegar a hora de ir embora, sofregou-se tanto nesta
vida. Muitos grandes pares já se desfizeram outros de partida.
Outros já se foram... E uns se mataram, tantos por amor.

O poeta triste, qual palhaço, chorando por dentro.
Encara um destino. Quase só lamento...
Entortando versos. Quer posar de forte. - mas não dá.


Bartolomeu Dias

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